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Este Blog foi originalmente criado para os eventos da COP-8 e MOP-3 realizados em março de 2005/Curitiba. Devido à importância de tais temas para a humanidade, a Revista Consciência.net continuará repassando informações relacionadas, incluindo comentários e matérias pertinentes. Boa leitura! Editores responsáveis: Clarissa Taguchi, Paula Batista e Gustavo Barreto. Da revista Consciência.Net - www.consciencia.net

segunda-feira, maio 19, 2008

Ritmo de extinção de espécies de animais é dez mil vezes maior que o natural

Extermínio sem precedentes - O número de animais da Terra tem sido reduzido num ritmo dez mil vezes maior do que o natural. De 1970 a 2005, o mundo sofreu uma redução de um terço da diversidade animal devido à ação humana. Os dados estão no “Índice do Planeta Vivo”, produzido pela Sociedade Zoológica de Londres e as organizações ambientalistas WWF e Global Footprint Network. Do O Globo, 16/05/2008.

Como as grandes forças naturais, a exemplo de quedas de asteróides e erupções vulcânicas cataclísmicas, o homem se transformou numa força capaz de alterar a vida na Terra. De acordo com o relatório, o planeta não via nada assim, desde a grande onda de extinção há 65 milhões de anos, que varreu 90% das formas de vida e pôs fim à era dos dinossauros.

Acredita-se que ela tenha sido provocada pela queda de um asteróide.

Polêmica na conferência da ONU

Segundo o “Índice do Planeta Vivo”, as espécies terrestres tiveram um declínio de 25%, as marinhas de 28% e as de água doce, 29%. As aves marinhas tiveram uma taxa particularmente alta de extinção: as populações de numerosas espécies declinaram 30% desde meados dos anos 90.

— Essa taxa não tem precedentes na história da Humanidade. Em termos da expectativa de vida do ser humano, pode parecer que as coisas não estão acontecendo tão depressa. Mas, 35 anos, em termos de história do planeta, que tem 4,5 bilhões de anos, é muito depressa — disse o editor do relatório Jonathan Loh.

O relatório será discutido e deve causar polêmica durante a IX Conferência das Partes da Convenção de Biodiversidade das Nações Unidas, que começa segunda-feira, em Bonn, na Alemanha. E ambientalistas dizem que os números enfraquecerão qualquer discurso de autoridade prometendo fazer “significativas” reduções na perda de biodiversidade até 2010, uma meta acordada pela convenção da ONU.

Os autores do relatório dizem que a falta de ação global já tornou tal meta totalmente inviável.

— Nenhuma das promessas de governos foi transformada em ação. É condenável que os governos dos países signatários da convenção não sejam capazes de cumprir as metas que eles mesmos estabeleceram — destacou Loh.

O relatório acompanhou 4.000 espécies de animais por 35 anos.

Segundo Ben Collen, um dos autores do estudo, o papel da ação humana é claro: — A população mundial dobrou entre 1960 e 2000. Durante esse mesmo período, as populações de animais declinaram cerca de 30%.

Está além de qualquer dúvida que esse declínio foi causado pelos seres humanos.

O estudo lista cinco razões para o declínio de espécies, todas relacionadas ao ser humano: mudanças climáticas, poluição, destruição de hábitats de animais, invasão de espécies exóticas e superexploração de espécies.

O golfinho do rio Yangtze, na China, é considerado um caso emblemático.

Ele foi considerado extinto no ano passado, após sucessivas buscas terem se mostrado infrutíferas.

Há muitas razões para o desaparecimento: colisões com barcos, perda de hábitat e poluição, todas ligadas ao homem.

A perda de biodiversidade terá conseqüências. Plantações poderão se tornar vulneráveis a pragas com o desaparecimento dos animais que mantêm o equilíbrio ambiental.

Outro problema é a diminuição de recursos pesqueiros.

De quem é a Amazônia, afinal, pergunta NY Times

Uma reportagem publicada neste domingo no jornal americano The New York Times afirma que a sugestão feita por líderes globais de que a Amazônia não é patrimônio exclusivo de nenhum país está causando preocupação no Brasil. Matéria da BBC Brasil, 18 de maio, 2008 - 11h01 GMT (08h01 Brasília).

No texto intitulado “De quem é esta floresta amazônica, afinal?”, assinado pelo correspondente do jornal no Rio de Janeiro Alexei Barrionuevo, o jornal diz que “um coro de líderes internacionais está declarando mais abertamente a Amazônia como parte de um patrimônio muito maior do que apenas das nações que dividem o seu território”.

O jornal cita o ex-vice-presidente americano Al Gore, que em 1989 disse que “ao contrário do que os brasileiros acreditam, a Amazônia não é propriedade deles, ela pertence a todos nós”.

“Esses comentários não são bem-aceitos aqui (no Brasil)”, diz o jornal. “Aliás, eles reacenderam velhas atitudes de protecionismo territorial e observação de invasores estrangeiros escondidos.”

Acesso restrito

O jornal afirma que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta aprovar uma lei para restringir o acesso à floresta amazônica, impondo um regime de licenças tanto para estrangeiros como para brasileiros.

“Mas muitos especialistas em Amazônia dizem que as restrições propostas entram em conflito com os próprios esforços (do presidente Lula) de dar ao Brasil uma voz maior nas negociações sobre mudanças climáticas globais – um reconhecimento implícito de que a Amazônia é crítica para o mundo como um todo”, afirma a reportagem.

O jornal diz que “visto em um contexto global, as restrições refletem um debate maior sobre direitos de soberania contra o patrimônio da humanidade”.

“Também existe uma briga sobre quem tem o direito de dar acesso a cientistas internacionais e ambientalistas que querem proteger essas áreas, e para companhias que querem explorá-las.”

“É uma briga que deve apenas se tornar mais complicada nos próximos anos, à luz de duas tendências conflituosas: uma demanda crescente por recursos energéticos e uma preocupação crescente com mudanças climáticas e poluição.”

Leia o artigo sobre a Amazônia no site do ‘NY Times’ (em inglês)