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Este Blog foi originalmente criado para os eventos da COP-8 e MOP-3 realizados em março de 2005/Curitiba. Devido à importância de tais temas para a humanidade, a Revista Consciência.net continuará repassando informações relacionadas, incluindo comentários e matérias pertinentes. Boa leitura! Editores responsáveis: Clarissa Taguchi, Paula Batista e Gustavo Barreto. Da revista Consciência.Net - www.consciencia.net

domingo, abril 06, 2008

Energia da glicerina

04/04/2008
Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) identificou bactérias que degradam a glicerina para sua transformação em biogás. O trabalho utiliza o resíduo bruto da glicerina gerado pela produção de biodiesel que, por não poder ser vendido como matéria-prima para indústrias como a de cosméticos, acaba sendo descartado em aterros industriais.

De acordo com a coordenadora do estudo, Maria de Los Angeles Palha, professora do Departamento de Engenharia Química da UFPE, o biogás é produzido quando um aglomerado bacteriano, presente no esterco bovino e composto por várias espécies de microrganismos, é colocado em contato com a glicerina bruta em equipamentos biodigestores.

“O biogás gerado é o metano, que pode ser utilizado como combustível para a produção de energia elétrica. A partir de bactérias existentes nos dejetos do gado, o processo de biodigestão faz com que a biomassa seja fermentada, em diferentes etapas, para a obtenção do biogás”, disse a pesquisadora à Agência FAPESP.

“Os microrganismos se alimentam dos nutrientes do esterco, que é colocado em contato com a glicerina líquida, para transformá-la em metano por meio de reações bioquímicas”, disse Maria, que é coordenadora do curso de engenharia química da UFPE. A reação química ocorre na ausência do oxigênio, uma vez que as bactérias empregadas são anaeróbias.

Calcula-se que para cada litro de biodiesel produzido sejam descartados, aproximadamente, 300 mililitros de glicerina. A preocupação dos pesquisadores é com o aumento dessa quantidade de rejeito depois que o país adotar a adição de 5% de biodiesel ao diesel, prevista para ocorrer em 2013. Com isso, poderá haver mais glicerina do que as indústrias são capazes de utilizar.

“Já a partir de julho as indústrias deverão começar a adicionar 3% de biodiesel ao diesel, o chamado B3. O excedente de glicerina bruta no mercado, por conta da maior produção nacional do biocombustível, leva a investir em tecnologias dessa natureza, levando em conta as concentrações ótimas de todas as substâncias envolvidas no processo”, afirmou Maria.

Além do biodiesel produzido a partir de oleaginosas, outras pesquisas indicam a possibilidade de produzi-lo a partir de óleos que sobram em cozinhas industriais, por exemplo. “Nesse caso, a glicerina resultante não é nobre, como a utilizada pela indústria de cosméticos e fármacos. E o foco de nosso trabalho é justamente esse subproduto mais bruto, que polui o meio ambiente quando descartado incorretamente”, disse.

Após a identificação do consórcio de bactérias que degrada a glicerina, o próximo passo do estudo é analisar a relação entre os teores de glicerina e esterco empregados no processo de biodigestão com a quantidade e a qualidade do gás metano gerado.

“Estamos estudando as concentrações ideais para estabelecer parâmetros de produção do biogás em larga escala. Os primeiros resultados dessa linha de pesquisa devem ser divulgados em meados de 2009”, disse Maria de Los Angeles Palha. O estudo conta com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

sexta-feira, abril 04, 2008

Cristina denuncia o cultivo da soja

Unisinos.

Com centenas de estradas bloqueadas em todo o país, um desabastecimento massivo de carne e de leite nas cidades e uma queda sem precedentes do kirchnerismo nas pesquisas de popularidade – algumas lhe dão 23% - a presidenta argentina, Cristina Kirchner, afirmou na madrugada de hoje que os culpados pela crise vivida pelo país, há 19 dias, são os grandes produtores de soja. A notícia é do jornal El País e é destaque de primeira página nos jornais Clarín e Página/12, 01-04-2008.

Cristina não pediu o fim da greve mas o fim dos bloqueios. O governo anunciou subsídios para os pequenos produtores. Ela apelou para a aplicação da “justiça social” para manter a alta das retenções das exportações o que desencadeou o conflito e acusou que há interesses ocultos na rebelião do campo.

Acompanhada do jovem ministro da Economia, Martín Lousteau, ela denunciou que se corre o risco de que a maior parte da cultura nacional seja hegemonizada pela soja. Uma produção cuja exportação chega a 95% e que provoca um grave dano ecológico pois destrói as matas e que “não pertence à tradição nem aos gostos alimentares dos argentinos”.

Antes da presidenta, Lousteau fez a mesma denúncia ao advertir que a a soja (cujo preço internacional disparou) ameaça transformar a atividade agropecuária do país. “No longo prazo teremos menos leite, menos carne, menos trigo e tudo mais caro”.