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Este Blog foi originalmente criado para os eventos da COP-8 e MOP-3 realizados em março de 2005/Curitiba. Devido à importância de tais temas para a humanidade, a Revista Consciência.net continuará repassando informações relacionadas, incluindo comentários e matérias pertinentes. Boa leitura! Editores responsáveis: Clarissa Taguchi, Paula Batista e Gustavo Barreto. Da revista Consciência.Net - www.consciencia.net

quarta-feira, março 22, 2006

Agricultores pressionam para que pesquisas sobre sementes suicidas não sejam liberadas

Curitiba, 21/3/2006 da Agência Brasil
A liberação das chamadas sementes suicidas, ou terminators, para pesquisa - um assunto que começou a ser discutido hoje (21) na 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8) - é vista pelo movimento camponês como uma ameaça à agricultura familiar. Pela manhã, manifestantes da Via Campesina - uma aliança internacional pela reforma agrária, da qual faz parte o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - posicionaram-se na entrada do Expotrade (local onde está ocorrendo a conferência) e vaiaram os ônibus que transportavam os membros das delegações oficiais dos 188 países signatários da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).

"Os países muitas vezes estão minados de representantes de transnacionais. A sociedade pensa que as delegações oficiais representam os governos, mas muitas são dominadas por empresas", afirmou o coordenador da organização não-governamental Terra de Direitos, Darci Frigo. "São quatro países que querem tentar mudar a opinião dos outros sobre os terminators: Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá e Austrália", declarou o o diretor de programas da organização não-governamental Greenpeace no Brasil, Marcelo Furtado.

Essas sementes são conhecidas pela sigla Gurts (em inglês, Genetic Use Restriction Technologies; em português, tecnologias genéticas de restrição de uso). Elas se dividem em dois tipos: as que são estéreis, ou seja, não germinam; e as que possuem uma determinada característica que só é ativada com o uso de um determinado produto. "Não são transgênicos [organismos geneticamente modificados]. São plantas, digamos, engenheiradas", esclareu Furtado.

"A reprodução das sementes nas comunidades tradicionais, na terras indígenas, acontece de forma cultural", lembrou Frigo. "Cientistas contratados pela CDB estimaram os impactos sociais do uso de sementes terminator. Há o risco de elas dominarem o mercado e de os agricultores serem obrigados a comprar sementes todos os anos, sem poder produzi-las", alertou a assessora jurídica da Terra de Direitos, Maria Rita Reis.

A COP-5, realizada em 2000 no Quênia, aprovou uma determinação que recomenda aos países signatários da CDB não realizarem estudos de campo nem comercializarem terminators. Os Estados Unidos não são signatários da CDB, mas participam da COP-8 como observadores.

Por Thaís Brianezi