Embrapa quer “zona de exclusão” para culturas transgênicas
Objetivo é preservar as variedades existentes no País de uma possível contaminação por cultivos geneticamente modificados
Curitiba, 16/03/2006
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresentou durante a 3ª Reunião dos Países Membros do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança o projeto de criação de “zonas de exclusão” para o plantio de algodão, batata, feijão e mamão geneticamente modificados.
O objetivo é preservar as variedades existentes no País de um possível cruzamento genético com transgênicos, uma vez que o Brasil é um centro de diversidade destas culturas – ou seja, a planta foi introduzida aqui, adaptou-se e produziu variedades locais.
“E como ainda não temos pesquisas que mostrem no que um possível cruzamento genético pode resultar, o melhor é isolar algumas áreas para prevenir”, justificou a pesquisadora Eliana Fontes, do setor de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Embrapa
Embrapa, segundo Eliana, mapeou os locais de diversidade genética destas culturas. “Fizemos coletas de sementes, que estão sendo conservadas a frio em bancos de germoplasma por até 40 anos. Estamos plantando estas sementes em bancos de germoplasma no Centro de Plantações, no Nordeste e vamos proibir o plantio em áreas ao redor, fazendo uma ‘zona de exclusão’ para proteger o germoplasma nativo destas culturas”, explicou ela, que coordena o projeto relativo à cultura do algodão.
“Alguns países, como Egito, Coréia do Sul e Rússia, manifestaram interesse em discutir com mais profundidade o funcionamento do projeto. Nesta parte de capacitação interna, estamos bem avançados em relação aos demais países em desenvolvimento”, comentou. Estados Unidos e Austrália também mantêm projetos semelhantes, proibindo o plantio de algodão transgênico em determinadas áreas.
No caso do algodão, a pesquisadora explicou que um dos pontos analisados foi a possibilidade do fluxo de genes (pólen), ou seja, da fecundação cruzada entre o algodão transgênico e as variedades existentes no Brasil. “Como temos espécies que não são mais cultivadas, tínhamos a preocupação de conservar este germoplasma não só contra os transgenes que foram introduzidos nas plantas modificadas geneticamente, mas também com relação às variedades melhoradas. Estas vão perdendo algumas características importantes na medida em que sofrem melhoramento genético”, disse.
Este germoplasma é estratégico para o futuro da cultura e para o melhoramento genético do algodão. A Embrapa, segundo ela, ainda estuda a distribuição da diversidade genética do algodão no Brasil.
Por conta disso, foi feita uma proposta restritiva para proteger os locais onde se encontram estas populações naturais de outras espécies de algodão que ocorrem no país. “A maior parte destas áreas concentra-se na Amazônia Legal, ao Norte do Mato Grosso, no Pantanal, Pará, Piauí e no Nordeste”, contou Eliana.
Estrutura
Quatorze centros da Embrapa compõem a Rede de Pesquisa em Biossegurança de Plantas Transgênicas (BioSeg), que é responsável pelo desenvolvimento técnico do projeto. Mais de 100 pesquisadores estão envolvidos.
De acordo com Eliana, cabe ao Ministério da Agricultura, ao qual a Embrapa está ligada, implementar o projeto, fiscalizar e impedir o plantio nestas áreas. Um financiamento no valor de R$ 4 milhões está previsto para os próximos quatro anos para as quatro culturas. A verba vem da Embrapa e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
O projeto, que foi aprovado em março de 2005 pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), está sendo implementado no Brasil desde outubro passado. A CTNBio é um órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia e responsável pela análise de risco da liberação de plantas transgênicas no meio ambiente e para o comércio no Brasil.
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