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Este Blog foi originalmente criado para os eventos da COP-8 e MOP-3 realizados em março de 2005/Curitiba. Devido à importância de tais temas para a humanidade, a Revista Consciência.net continuará repassando informações relacionadas, incluindo comentários e matérias pertinentes. Boa leitura! Editores responsáveis: Clarissa Taguchi, Paula Batista e Gustavo Barreto. Da revista Consciência.Net - www.consciencia.net

sexta-feira, março 24, 2006

Origem (externa) das espécies

24/03/2006 da Agência FAPESP
Se o naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) passasse hoje pela Terra do Fogo, 175 anos após o término da histórica jornada a bordo do Beagle, teria presenciado uma cena inusitada. Também teria dificuldade para separar a intervenção humana da evolução natural das espécies.

Darwin veria uma enorme quantidade de castores, espécie que até a década de 1940 não existia por ali. Como o clima frio da região parecia ideal para a criação do animal – e como o comércio de peles era um negócio bastante rentável – empresários argentinos resolveram importar 25 casais do Canadá.

Como a pele dos castores não cresceu de forma que se tornasse economicamente rentável, os bichos foram abandonados. O resultado é que, hoje, na Terra do Fogo, a população de castores ultrapassou os 100 mil indivíduos, tornando-se uma grande praga biológica.

O tema das espécies invasoras foi bastante debatido durante a Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8), em Curitiba, nesta quinta-feira (23/3). O motivo foi a apresentação do estudo América do Sul invadida, do Programa Global de Espécies Invasoras, que mostra os principais problemas existentes hoje no continente.

“Para evitar problemas com as espécies invasoras, o melhor é fazer ações preventivas. É o que a maioria dos países está fazendo”, explica Sílvia Ziller, coordenadora do programa de espécies exóticas invasoras para a América do Sul da The Nature Conservancy Brasil, à Agência FAPESP.

Como o castor é apenas um dos muitos exemplos do problema, Sílvia lembra que, caso a prevenção falhe, não se pode pensar em abandonar por completo a espécie vinda de outra parte do mundo. “O Brasil tem o seu banco de dados, o que é bastante positivo, mas precisamos de um plano de ação para cada uma das invasões”, afirma a pesquisadora.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, que tem feito várias ações nos últimos anos para tentar atacar o problema, existem 204 espécies exóticas invasoras terrestres no país. Esse levantamento, feito em 2005 e que contou com a colaboração da The Nature Conservancy do Brasil, mostra que 64% das espécies estão se multiplicando e impactando a biodiversidade brasileira. Quase 85% foram trazidas de forma voluntária.

Se em alguns casos o combate ao invasor é mais fácil, porque o problema, por enquanto, é apenas pontual, em outras situações apenas um grande trabalho coletivo poderá ajudar no controle da biodiversidade nacional. “O caramujo africano, por exemplo, encontra-se atualmente em pelo menos 15 estados brasileiros”, afirma Sílvia. A espécie Achatina fulica, com média de sete centímetros de altura, foi trazida ao país na década de 1980 para a criação de escargot.

Por Eduardo Geraque, de Curitiba
Mais informações sobre a COP 8: www.biodiv.org e www.cdb.gov.br