EUA encampam projeto de brasileiros para "livro genético" de eucalipto
Da Folha Online
Em três anos, o mundo conhecerá todo o livro genético do eucalipto, planta que ganha cada vez mais importância por causa de sua utilidade energética. A iniciativa, além do Brasil, conta com grupos da África do Sul e da Austrália.
"O interessante é que o exemplar da planta escolhido para o seqüenciamento é de São Paulo, da Companhia Suzano de Papel e Celulose", disse à Folha o pesquisador Dario Grattapaglia, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, o líder do projeto de pesquisa pelo lado do Brasil. O eucalipto é nativo da Austrália.
Todo o trabalho computacional de anotação e de montagem do genoma será feito nos Estados Unidos. Os dados serão públicos e vão ser colocados na internet. "Isso será muito bom. Com as ferramentas genéticas que já temos, conseguiremos nos manter na liderança desse campo de pesquisas", diz o cientista da Embrapa.
Dentro da classificação dos botânicos, o eucalipto é um gênero que agrupa mais de 700 espécies. Apenas 20 são plantadas. "O nosso estudo é sobre o eucalipto tropical, o Eucalyptus grandis", disse o pesquisador.
O projeto organizado pelo Brasil concorreu com outros 120 que foram apresentados num único ano, na chamada referente a 2008, para o instituto americano. O fato de o eucalipto entrar na lista das iniciativas aprovadas - ele não foi o único - tem tudo a ver com o interesse americano pelo setor industrial atrelado ao vegetal.
"Existem várias empresas americanas atuando no Brasil. Essa planta é importante porque hoje, além do papel e da celulose, ela é usada como fonte de energia, por exemplo, como combustível vegetal na produção de aço", explica Grattapaglia. "Outra aplicação é que, no caso das plantações, o eucalipto pode ser usado em projetos de seqüestro de carbono".
Dados em falta - O Brasil tem dois grupos de pesquisa que já seqüenciaram o genoma do eucalipto. No entanto, apenas as chamadas ESTs (seqüências que expressam proteínas) foram soletradas. Grattapaglia considera essencial, agora, que todo o genoma seja conhecido.
Tanto o grupo paulista, financiado pela Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, quanto o federal - liderado por Grattapaglia, que contou com recursos do Ministério de Ciência e Tecnologia - encerraram seus trabalhos com menos de 10% do genoma da planta decifrado.
"No nosso caso, mais importante do que o seqüenciamento em si foi a rede de pesquisa que nós montamos no país. Com ela, conseguimos apresentar esse projeto aos americanos".
O grupo paulista, trabalhando sozinho, vem obtendo alguns resultados positivos com as seqüências já obtidas.
O negócio do eucalipto movimenta no Brasil algo ao redor dos R$ 80 bilhões, aproximadamente 4% do PIB nacional. (Folha Online)
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