Países ricos degradam ambiente, diz Lula
Curitiba da Prima Página
Em reunião da ONU, presidente diz que nações pobres ficam com o ônus dos danos ambientais provocados pelo mundo industrializado
Os países em desenvolvimento não podem continuar a sofrer as conseqüências ambientais dos padrões de consumo das nações industrializadas, afirmou nesta segunda-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba. Ele foi a principal autoridade presente na abertura do “Segmento de Alto Nível” da COP 8 (Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica), que reúne até quarta ministros e outros líderes de órgãos ambientais governamentais de mais de 100 países.
"Não é aceitável que os países mais pobres continuem a sofrer o principal ônus da degradação ambiental resultante de padrões insustentáveis de produção e consumo pelas nações industrializadas”, declarou o presidente. Ele pediu, nesse sentido, o aumento de investimentos no setor. “No momento em que os esforços pela conservação e uso sustentável crescem em todo o mundo, preocupa-nos a redução dos recursos financeiros destinados a apoiar essas iniciativas”, disse Lula, que em nenhum no discurso fez referência direta a questões internas do governo ou à crise política. “Uma lógica ambiental sustentável é incompatível com uma engrenagem econômica que se apóie em desigualdades sociais crescentes e asfixiantes”.
O presidente também defendeu a criação de um sistema internacional de repartição de benefícios conseguidos com os recursos naturais, um dos principais pontos de negociação da COP 8. “Tudo o que possa ameaçar a biodiversidade ou conspirar contra a repartição eqüitativa dos seus recursos deve ser rejeitado como ameaça à sobrevivência da humanidade e da Terra”, disse.
Lula foi bastante elogiado pelos que discursaram antes dele. Além de membros do governo brasileiro — a ministra do Meio Ambiente (Marina Silva), o ministro das Relações Exteriores (Celso Amorim), o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão (Paulo Bernardo Silva) e o ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (José Fritsch) —, compunham a mesa o governador do Paraná, Roberto Requião, o prefeito de Curitiba, Beto Richa, o diretor-geral do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), o alemão Klaus Toepfer, e o secretário-geral da Convenção sobre Diversidade Biológica, o argelino Ahmed Djoghlaf.
Djoghlaf agradeceu repetidas vezes o “comprometimento do presidente Lula às causas ambientais” e voltou a afirmar que o empenho pessoal do presidente e da ministra Marina Silva foram essenciais para salvar o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, cuja reunião, a MOP 3, foi encerrada em Curitiba no último dia 17. O Brasil articulou as negociações com o México sobre a rotulagem de produtos transgênicos, o que possibilitou um acordo entre os signatários do documento.
Toepfer lembrou a importância da proteção ao meio ambiente. “Perder biodiversidade é perder soluções para o mundo”, disse o líder da agência ambiental da ONU. “É preciso ter capital natural para ganhar a luta contra a pobreza”, completou.
Antes do evento, Lula ainda se reuniu com o diretor-geral da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) Supachai Panitchpakdi. De acordo com a secretaria de Imprensa da Presidência, Lula pediu o apoio da UNCTAD aos países em desenvolvimento e pobres nas negociações na OMC (Organização Mundial do Comércio). Panitchpakdi, que já dirigiu a OMC, se mostrou sensível aos pedidos de Lula.
Após a abertura, o presidente voltou para Brasília. O Segmento de Alto Nível continuou, sob a liderança da ministra Marina Silva, e segue até a quarta-feira.
Por Marilia Juste
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