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quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Relatório pró-transgênico é contestado por associação de agricultura alternativa

O estudo da consultoria de empresas do agronegócio Céleres afirmando que o agricultor brasileiro deixou de ganhar com a produção de alimentos transgênicos no país é contestado pelo coordenador do programa de políticas públicas da Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), Jean Marc Von der Weid.

Segundo ele, para se ter perda é preciso primeiramente admitir que o produto usado representa mais economia do que o convencional. "Isso não é comprovado. Do ponto de vista de produtividade e custo de produção, os melhores resultados estão nos sistemas convencionais do Mato Grosso, em seguida a soja orgânica de agricultores do Paraná e, em terceiro lugar, a soja transgênica. Além disso, a soja convencional está com prêmio de qualidade e não sofre com restrições do mercado internacional".

O governo brasileiro passou a adotar o plantio e a comercialização de soja geneticamente modificada após a publicação de uma medida provisória em 2003. Inicialmente, as sementes eram contrabandeadas da Argentina. Com a ampliação do uso da soja transgênica, a pesquisa aponta que o Brasil se tornou o terceiro maior usuário de biotecnologia agrícola em 2006. “Entre a safra de 2004/05 e a de 2006/07, verificou-se um crescimento absoluto de 6 milhões de hectares, com o total de 11,7 milhões de hectares cultivados com soja GM na última campanha”.

Anderson Galvão, engenheiro responsável pela pesquisa da Céleres, também analisa a situação atual do milho e algodão transgênico. E alerta que se os estudos de biotecnologia, envolvendo os dois produtos, receberem o mesmo tratamento que os da soja, o produtor brasileiro deixará de ganhar na próxima década. Com relação ao milho geneticamente modificado, o brasileiro pode deixar de ganhar US$ 6,9 bilhões. Já o produtor de algodão deixar US$ 2,1 bilhões.

Para o representante da AS-PTA, a estimativa foi feita com base em suposições que não se sustentam. “O estudo está sempre supondo que tem um grande ganho de custo e de produtividade que não se manifestaram em lugar nenhum do mundo. Comparando com outros lugares em que foram feitos estudos de forma sistemática, os indicativos são diferentes. No caso do algodão GM, por exemplo, existem estudos da Índia que apontam uma série de problemas do ponto de vista de produção, produtividade e custo". (Monique Maia/ Agência Brasil)